Fui jogar achando que o hype era alto demais pra ser verdade, mas mesmo com algumas críticas, a verdade é que o jogo me conquistou. (Sem spoilers – pode ler tranquilo antes de comprar.)
Vamos aos destaques positivos primeiro, que felizmente são a maior parte da experiência:
A trilha sonora é simplesmente espetacular.
É uma composição rica, criativa, que transita entre diferentes estilos com elegância. Os vocais da Alice Dupont-Pecier são lindos e emocionantes, trazendo vida e profundidade à ambientação do jogo. E a participação do Victor Borba (conhecido por DMC5) também ficou sensacional.
A história é envolvente e cheia de reviravoltas.
Logo no final do primeiro ato, um plot twist me pegou completamente desprevenido — foi aí que percebi que Expedition 33 queria fazer algo diferente. Em vez de seguir os clichês que a gente já espera dos RPGs, o jogo opta por um enredo mais ousado e misterioso, sem entregar todas as respostas de imediato. Quando tudo se encaixa no final, a sensação de recompensa é enorme.
Os personagens são bem construídos e únicos.
Nada de vilão caricato ou herói sem profundidade aqui. O destaque vai para as personagens femininas, que têm camadas e desenvolvimento que raramente vemos em RPGs. Todo mundo nesse universo tem suas cicatrizes, mas o jogo lida com isso de maneira sincera, sem cair no drama exagerado.
O combate é excelente e exige habilidade.
A inspiração em Lost Odyssey é clara, principalmente nos elementos de batalha por turnos com interações em tempo real. O sistema de defesa com "parry" e esquiva traz um dinamismo raro nesse tipo de jogo, e recompensa quem joga bem. Cada personagem tem um estilo bem definido, e há muitas possibilidades de customização.
Agora, algumas críticas para equilibrar:
O design de níveis às vezes atrapalha.
Embora as lamparinas que indicam o caminho sejam criativas, faltou um mapa em várias áreas. A câmera também se reposiciona toda vez após um combate, o que deixa tudo ainda mais confuso em locais parecidos. A justificativa no lore não me convenceu – se há diários espalhados por expedições antigas, por que não mapas?
Viajar pode ser cansativo.
O sistema de fast travel demora demais pra ser liberado. Em vários momentos, precisei correr por vários minutos só pra voltar a um ponto anterior. Também não dá pra usar o fast travel direto no mapa do mundo, nem voltar a ele com facilidade até bem tarde na campanha. E pra fazer upgrade nos equipamentos, é necessário acampar – o que exige que você volte manualmente ao ponto de entrada da área.
O final do Ato 2 é corrido demais.
Uma quantidade enorme de informação é despejada de uma vez só, o que deixa difícil acompanhar tudo. Seria ótimo se houvesse um recurso no menu para revisar os eventos e informações da história, como vemos em alguns outros RPGs, tipo Final Fantasy XVI.
Esses pontos negativos não estragam o jogo, mas pequenas melhorias de qualidade de vida — quem sabe em um patch ou edição atualizada — poderiam deixá-lo ainda mais próximo da perfeição.
Resumo da ópera? Expedition 33 é um baita RPG. Tem tudo pra influenciar tanto futuros títulos quanto aqueles antigos aos quais voltamos com carinho. Visualmente impressionante, com jogabilidade afiada e uma trilha sonora marcante, é incrível saber que tudo isso foi feito por uma equipe de apenas 30 pessoas, com um preço mais acessível que o normal.
Se ele vai ser lembrado por anos ou sumir com o tempo, só saberemos depois. Mas pra quem curte RPGs com personalidade, eu recomendo fortemente dar uma chance.